Inicio esse artigo com uma ponderação que considero fundamental para a compreensão das pequenas e medias empresas (PMEs).
As PMEs possuem formas próprias de gestão que são influenciadas pelos valores e crenças dos seus proprietários, acionistas, sejam eles da mesma família, ou não.
Tal DNA ou DNAs irão determinar o que os estudiosos de administração e cientistas sociais nominam como Cultura Organizacional.
Porém, quando nos debruçamos na realidade, do dia a dia das PMEs, nos deparamos não com uma Cultura Organizacional, hermética, fechada e única e sim a existência de variadas subculturas.
Tal fato irá impactar nas diretrizes, processos e até mesmo nas tecnologias a serem implantadas, comprometendo a sinergia necessária de esforços coletivos para atingir as metas e objetivos essenciais para o crescimento e perpetuidade das PMEs.
Mesmo correndo o risco de generalizar, a prática diária no desenvolvimento de projetos junto aos nossos clientes, nos mostram que de uma maneira geral o conhecimento (saber), Know How (saber fazer) bem como as ferramentas da administração têm como foco o universo das grandes empresas, e quando ` transferidas` para a realidade das PMEs ocorre uma ` forcada de barra` para usar um terno que não veste com o figurino e a Cultura Organizacional existentes.
De forma alguma somos contrários e refratários a sistemas, métodos e processos, universais e comuns às empresas, independentemente de onde elas estejam inseridas e seu tamanho, tais como redução de custos, desenho de estruturas organizacionais enxutas, planejamento estratégico etc.
Como trabalhar junto com os empresários na sua implantação de maneira harmônica, até mesmo na ruptura de paradigmas.
É nesse contexto que a gestão do Capital Humano ou gestão de pessoas ou gestão de gente, não importa o título, se insere!
Estruturar o desenvolvimento das competências funcionais com as competências comportamentais é que permitirá o desenvolvimento das competências estratégicas alinhadas aos processos, tecnologia e objetivos empresariais.
Quando falamos em política e práticas de RH em pequenas e médias empresas, sempre surge a questão do custo de se manter um departamento de RH.
É claro que essa condição deve ser analisada, porem existem alternativas que os acionistas das PMEs podem adotar, como por exemplo qualificar um gestor para estruturar essas políticas e práticas com suporte de consultorias especializadas. O que constatamos no nosso cotidiano é que nas organizações de pequeno porte, o clássico gestor administrativo está assumindo tal papel e nas médias empresas já temos lideranças exclusivamente dedicadas ao RH.
Outro fato que percebemos, de forma ainda um pouco tímida é a migração de profissionais de RH de grandes organizaçoes para as PMEs, principalmente pela oportunidade de crescimento junto com seus empregadores, maior autonomia de decisão e obtenção de resultados mais rápidos de seus projetos de carreira.
Recursos limitados, necessidade de crescimento e o próprio cenário econômico são alguns dos desafios enfrentados pelas PMEs.
Tais desafios se tornam mais imperativos quando não há a utilização estratégica do Capital Humano, por uma razão simples e logica: os resultados obtidos de qualquer empresa vêm da sinergia de fatores estruturantes, como a produtividade e o desempenho de suas equipes. Mas como manter equipes engajadas sem fornecer os recursos necessários para tal?
O engajamento precisa ser estrategicamente incorporado por meio de gestão do desempenho e práticas de formação e desenvolvimento, processos e sistemas.
Toda empresa, de forma melhor ou menos elaborada, possui um planejamento estratégico do qual se derivam o planejamento orçamentário, financeiro, comercial, produção e marketing e o planejamento de RH, onde está?
Nos próximos artigos abordaremos essa questão.
LUIZ FRANCISCO BUENO